Só quem tem a coragem de reconhecer suas limitações consegue amar incondicionalmente o filho e ajudá-lo a tomar as rédeas de sua vida.
Todos se lembram daquela propaganda na qual um menino jogava futebol enquanto o pai torcia na arquibancada. No final, o locutor dizia: “Não basta ser pai, tem que participar!” Pais casados, divorciados, viúvos, pais em segundo casamento, poderiam se perguntar, honesta e corajosamente: “Tudo bem, mas como é que se faz?”
A maior parte simplesmente não sabe a resposta, pois cresceu orientada pelos padrões de uma educação preconceituosa e repressora, que incutia em meninos e meninas ideias como “homem não chora”, “emoção é coisa de mulher” e outras barbaridades.
Ser pai convoca afetividade de um homem para que possa cuidar de seu filho não só física, mas emocionalmente. Seu maior alicerce e, posteriormente, modelo de identificação. Num primeiro momento, o pai tem a função de separar a criança da mãe, mostrando-lhe que existe um imenso mundo para além dessa relação. Ao mesmo tempo em que proíbe e frustra, o pai possibilita a entrada da criança na linguagem e na cultura.
Infelizmente, alguns filhos ainda vem ao mundo com a missão de realizar os sonhos dos pais, tornando-se os depositários de seus ideais. Por isso, é importante que um pai se conheça e aceite suas possibilidades e limitações. Só assim ele poderá amar seu filho incondicionalmente, pelo que ele é não pelo que gostaria que fosse.
Mas alguns homens teimam em sustentar uma imagem idealizada de si mesmos. Super-Homem é pouco. Pagam por essa exigência uma conta altíssima: enfartes, úlceras, depressões. Ultrapassam seus limites, transbordam. E exigem o mesmo dos filhos.
Uma criança precisa saber que existem muitas possibilidades para ela, mas nem tudo é possível. O pai, por seu lado, deve incentivar o filho a viver sua própria vida, sustentando seu próprio desejo, por sua conta e risco. No entanto, de nada adianta apenas falar, se o que se faz é completamente diferente. Aqui, o exemplo é extremamente valioso.
Na adolescência serão necessários alguns ingredientes fundamentais: limites bem claros e definidos, apoio, paciência e, sobretudo, amor, para que o jovem se sinta seguro. O pai bem resolvido conversa com o filho, troca ideias e tem coragem de dizer que não possui todas as respostas.
Hoje existem muitos homens que podem olhar para dentro. Tem coragem de se expor, de abrir espaços internos, de acolher, de se virar do avesso, se for preciso. Isso lhes permite gerir um processo dinâmico e vivo no exercício da função paterna. É uma construção cotidiana. São homens de carne e osso. E alma.